História de amor.

Para ouvir durante a leitura...

Minha história com uma das pessoas mais especias e importantes da minha vida se inicia algumas semanas antes do carnaval. Tive um sonho muito estranho, que se passava no funeral de meu noivo- um alguém desconhecido-, e um médico lhe aplicava uma injeção onde o rapaz poderia viver por mais 24 horas; durante esse tempo ele me consolou e não cansava de dizer que logo nos encontraríamos, mas sua aparência seria um pouco diferente. “Como irei te reconhecer?”, perguntei angustiada, e sua resposta era sempre a mesma: “Você vai saber...”.

O carnaval chegou e o sonho logo foi esquecido. Então, no dia 25 de fevereiro, sábado de carnaval, no momento que dançava com minha melhor amiga, reconheci que o rapaz dançante ao meu lado era o mesmo do sonho. Imediatamente soube que ele era o escolhido para mim ou para ser um pouco menos dramática, me apaixonei.

A noite foi passando, os olhares aumentando e logo fui decorando os detalhes de seus grandes olhos escuros.Apenas no fim da noite ele veio falar comigo e eu nem conseguia acreditar. Conversamos muito, sobre o que já nem me lembro, minha maior lembrança é a pergunta que praticamente mudou nossas vidas: “Seria muito ousado lhe pedir um beijo?” e a única palavra que escapou de meus lábios foi um simples “Não”.

Continuamos nos vendo pelo resto das festas de carnaval, imaginando que seria apenas uma paixão que terminaria na quarta- feira de cinzas, afinal nosso romance tinha tudo para dar errado: ele morava em uma agitada capital e tinha um emprego incrível; já eu vivia em uma pequena cidade do interior, onde nasci e cresci. A distância era enorme- pelo menos para nós-, mas a vontade de ficarmos junto era grande demais para sobreviver apenas entre as paredes do velho clube de minha cidade. Resolvemos vive-lo através de muitas cartas enormes e melosas- as quais guardamos até hoje-, e das curtas visitas nos finais de semana.

No final, tudo ocorreu bem: ficamos noivos em setembro do mesmo ano- no dia de meu aniversário de 21 anos!- casamos no início do ano seguinte e montamos nossa casa em sua cidade, mas após o nascimento de nossa única filha, resolvemos voltar para a vida simples da cidade pequena, perto da minha família.

Depois de 16 anos incríveis juntos, uma doença- daquelas que acontecem uma vez em um milhão- levou meu moreno para longe de mim e de minha filha. Até hoje não consegui recuperar essa perda, a memória começa a falhar na hora que quero lembrar de sua risada, sua voz, seu cheiro...

Meu Bem te amo hoje, te amo amanhã, te amo sempre!Nunca irei esquecê-lo!

(Essa é a história de amor de meus pais, sem um único ponto aumentado.)